sábado, 20 de agosto de 2011

24. A voz

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L.T. : Uma pergunta que tinha para fazer e que agora sai com certa espontaneidade.
Pergunta ignorante e ingénua talvez: a 'voz' é da ordem estrita da 'oralidade'? Note-se que não pensei nalguma possível resposta. Não sei o que ela pode dar. Penso no entanto que não sai muito destes contextos. Vou ler melhor o teu texto.
4/04/2011
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F.B. : A voz é oral por definição. Estrita? releva da inscrição mas como 'resposta', se dizer se pode, vem do que se aprendeu. Haverá uma nuance quando se tratar de 'voz mental', que não chega à boca (em latim: os, oris), nesse caso, em rigor não é 'voz', mas pode ser que seja a voz que aprendeu a retrair-se, a não se dizer (Flahault). Changeux diz algures que há um 'mecanismo' (?) cerebral que permite distinguir a voz dita e a voz mental. Platão diz no Sofista que logos (discurso, não voz, phônê) e dianoia (pensamento) são a mesma coisa, mas a gente chama dianoia ao diálogo da alma consigo mesma. E mais não me ocorre dizer.**
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5/04/2011

*Uma nota um tanto à parte. A título de curiosidade, após algumas investigações científicas recentes no âmbito da arqueologia, constatou-se que as localizações das gravuras e inscrições paleolíticas nas grutas eram as mais propícias à acústica. O que leva a concluir que esses lugares serviam para cerimónias musicais, vocais e sonoras. Enfim, efeitos de eco, ressonância, etc. O mesmo se pode também pensar para a luminosidade, fosse no interior ou no exterior, nas paredes ao ar livre, como em Foz Côa. A luminosidade ou os efeitos de luz fazia-se com tochas, quer no interior, quer no exterior (neste caso à noite). Ao ar livre, a luz diurna solar também podia ter a sua função, bem como, e principalmente talvez, a luz lunar, a qual produziria nas paredes efeitos de relevos em jogos de luz e sombra porventura muito interessantes para todos.
*Ver mensagem 2.

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Imagem: pintura - obra plástica de Luís de Barreiros Tavares
 

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