sábado, 20 de agosto de 2011

21. Saussure


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" ... na língua não há senão diferenças sem termos positivos" Saussure
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"Le signe linguistique unit non une chose et un nom, mais un concept et une image acoustique. Cette dernière n'est pas le son matériel, chose purement physique, mais l'empreinte psychique de ce son, la représentation que nous en donne le témoignage de nos sens; elle est sensorielle, et s'il nous arrive de l'appeler «matérielle», c'est seulement dans ce sens et par opposition à l'autre terme de l'association, le concept, généralement plus abstrait."
[O signo linguístico une, não uma coisa e um nome mas um conceito e uma imagem acústica. Esta última não é o som material, coisa puramente física, mas a marca impressa (impressão) psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho dos nossos sentidos; ela é sensorial, e se acontece chamarmos-lhe «material», é somente nesse sentido e por oposição ao outro termo da associação, o conceito, geralmente mais abstracto.]

Saussure, F., Cours de Linguistique Générale, Paris, Payot, 1964, p.98.*
L.T. : Dúvidas há muitas, vou ver mais coisas sobre estas matérias, mas avanço com uma questão que também deixei em suspenso naquele trabalho: 'L'empreinte psychique ' do som, a 'imagem acústica', posteriormente o 'significante' (Saussure), é um eco? Mas como é que é um eco se não é um "som material" (Cours de Linguistique Générale, p.98)? Eco psíquico? Consultei as questões em De la Gramatologie (p.93). Na nota 64 do § 36 do Cap.2 do Jeu des sciences citas um passo daquela página:
"Image acoustique est l'entendu : non pas le son entendu mais l'être-entendu du son. L'être-entendu est structurellement phénoménal et appartient à un ordre radicalement hétérogène à celui du son réel dans le monde. On ne peut découper cette hétérogéneité subtile mais absolument décisive que par une réduction phénoménologique." Derrida, J., De la Gramatologie, Paris, Minuit,1992, p.93. [a imagem acústica é o ouvido: não o som ouvido, mas o ser-ouvido do som. O ser-ouvido é estruturalmente fenomenal e pertence a uma ordem radicalmente heterogénea à do som real no mundo. Não se pode cortar esta heterogeneidade subtil mas absolutamente decisiva a não ser por uma redução fenomenológica]
Eis alguns pontos que me suscitam dúvida, que não compreendo tão bem: 1. "o 'a' introduzindo como s (signifié) [...] o tempo; 2."a dicotomia [S/s], que foi sempre posta pelos linguistas em termos de oralidade". 3. Fonética...
* A citação acima, do Cours de Saussure, encontra-se também na p. 93 do De la Gramatologie.
30/03/2011
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F.B. : Bem, a questão do 'a'. A palavra diferença não contém o 'tempo' (óbvio em Heidegger: andou a vida toda até ao Ereignis (acontecimento) de 1962 para conseguir ligar 'ser' (diferença ontológica) e tempo. Ora, o verbo diferir tanto diz o ser diferente como o 'adiar', diz a diferença e o tempo. Donde o truque de modificar o 'e' em 'a'. Ora, em francês, estes 'en' e 'an' dizem-se da mesma maneira, donde que, além do tempo, há um jogo entre oral e escrita, que foi um dos grandes motivos por onde o Derrida começou, a linguagem oral, a voz, estando muito próxima do pensamento interior, da alma, do sujeito, da consciência, foi sempre privilegiada desde Platão, a escrita desconfiada, porque se afasta do escritor, perdura além da morte dele (portanto vida e morte também entram neste jogo). E o conflito (différend, diferendo).
O significante imprime-se 'com sons', mas estes sons, as vozes que se escutam, são diferentes (a criança ouve vozes de adultos, velhos, ambos os sexos, miudagem) e o significante é o que é o mesmo nestes sons não idênticos. O que Derrida consegue através duma redução fenomenológica do 'empírico' sonoro, o significante sendo, lição de Saussure, a diferença entre os sons, a qual é a mesma, repete-se em qualquer voz.
31/03/2011
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