sábado, 20 de agosto de 2011

14. Nova Fenomenologia

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L.T. : Je me suis retrouvé ainsi face au rapport entre un discours scientifique et un discours philosophique où aucun n’avait de priorité sur l’autre, où chacun changeait de par son rapport avec l’autre (c’est ce qui indique «l’avec» dans mon titre, dans Philosophie-avec-sciences) (Le jeu des sciences... 1.6) [encontrei-me assim face a uma relação entre um discurso científico e um discurso filosófico em que nenhum tinha prioridade sobre o outro, em que cada um mudava pela sua relação com o outro (é o que indica o 'com' em Filosofia com ciências)]
Quando falas de “filosofia com ciências” e não de “filosofia das ciências” isso quer dizer que propões com a tua “nova fenomenologia” uma reformulação da filosofia e das ciências no ‘com’ (avec)?
“É preciso penetrar com ousadia nos paradigmas para se pôr em jogo a sua componente filosófica escondida”( La philosophie avec sciences, § 6).
Mas não é verdade que a ‘componente filosófica’ se manifesta em cada paradigma diferentemente, nas suas diferenças?

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F.B. : Proponho que as ciências (que usei) joguem um papel filosófico na filosofia com ciências (fc/c), enquanto fenomenologia: retorno às coisas, aos fenómenos, definidos pelas duas leis indissociáveis-inconciliáveis. O que permite também fazer fc/c das ciências (por exemplo, discuto os conceitos de força e energia em física contando com as ciências dos vivos). Mas sobra muita filosofia, o pensamento do Heidegger e do Derrida é muito mais do que isto, as estéticas, éticas, etc.
Quanto ao obstáculo no paradigma das ciências tem a ver com a preponderância do 'dentro' sobre o 'fora', em cada uma à sua maneira, é certo. A cena é que dá cada assemblagem (ou fenómeno), tem pois preponderância sobre ele; as ciências não dão por isso, o que se liga, em cada uma à sua maneira, é certo, outra vez, à relação sujeito / objecto. Nos três estratos de cada ciência (Jeu , 9.28, vê também os §§ 23-30), é parcialmente no 2º mas sobretudo no 3º estrato que a questão se põe, este difícil para os cientistas, os outros para os filósofos. O 1º estrato é o da experimentação laboratorial, o segundo da teorização, já com o seu quê de filosófico. Mas o 1º é por definição fragmentário, a teoria deve reunir os fragmentos (cada experiência é um fragmento), mas já tem a ver com a cena da realidade aonde os fenómenos foram buscados. O 3º tem mesmo a ver com a cena e com a fenomenologia, portanto também com as várias outras ciências.

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Imagem: foto - Fernando Belo e Luís Tavares

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