terça-feira, 16 de setembro de 2014

156. Sobre nova fenomenologia e filosofia 'com' ciências







LT : Estou a dar umas espreitadelas no 3º capítulo do Jogo das ciências com Heidegger e Derrida.
Isto dá pano para mangas. Saiu-me isto agora, um bocado "meia-bola e força":



Digamos que o epistemólogo, enquanto filósofo das ciências, procura pensar e conhecer os pressupostos filosóficos e/ou metafísicos (foi assim que me ensinaram nas Universidades, também se encontrando nalguns compêndios; quanto ao metafísico temos de pensar em Kant com a tal libertação das ciências relativamente à metafísica) que regem as investigações e os modos cognitivos das ciências. Ao passo que o novo fenomenólogo, na linha da filosofia com ciências - proposta tua -, dir-se-ia que pensa e tenta conhecer, não o que propriamente subjaz (os pressupostos que regem) filosoficamente às ciências; outrossim, o que estrutura, desconstruindo, no tempo, os modos - modus operandi? - operativos de pensamento no processo explicativo e cognitivo dos fenómenos científicos. Quer dizer, aquilo que estrutura esse próprio processo enquanto tal. Daí a importância que dás ao movimento, não só das físicas - aristotélica e galilaica - e das bilologias, etc., mas também, filosoficamente, da mesmidade do dizer, ser e pensar remontando a Parménides e que tanto assinalas (o "dizer-que-pensa-o-ser", conceito teu). Será esse um dos múltiplos sentidos em que o novo fenomenólogo não só desconstrói, mas reconstrói?

Saiu-me duas vezes a palavra 'modos'. Neste momento não posso elaborar melhor estas questões. Tinha programado para esta noite outras leituras e interrompi porque me ocorreram estes pontos sobre os teus textos. Volto a elas. O que é que tens a observar, corrigir e criticar quanto a estas observações escritas agora? Gostava que me ajudasses um bocadinho aqui. Há muita asneirada? Precisarei de ler melhor, certamente.

15/09/2014

-



FB : A filosofia das ciências é um capítulo duma filosofia. A filosofia com ciências é uma filosofia, que também tem um capítulo das ciências (o cap. 9, sobre o laboratório). 
É uma fenomenologia inspirada em Heidegger e Derrida, um retorno às coisas, como já o houve em Aristóteles (a sua Física, em relação a Platão) e em certo sentido, em Aquino (a Agostinho) e Kant (a Descartes). A sua peculiaridade em fenomenologia é ter em conta que o 'sujeito' da filosofia europeia não tem corpo nem sociedade nem língua nem sexo e procurar estas 'dimensões', como se diz, nas ciências, para 'completar' o ser no mundo heideggeriano, usando o motivo derridiano de duplo laço. Nem Heidegger nem Derrida são fenomenólogos, mas ambos passaram pela fenomenologia de Husserl e ficaram com ligação a ela; mais problemática é a minha relação com este.
17/09/2014
-

Imagem: Estudo livre (2002 - óleo sobre tábua - 25x39cm + -) segundo "Nu sentado em divã" (1917 - Modigliani), por Luís de Barreiros Tavares - colecção privada.