quarta-feira, 14 de março de 2012

38. Movimento do pensamento - Cena ocidental de inscrição.




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L.B. : Obrigado pela apreciação da minha questão.
1. As questões. Com um dia de intervalo. Estive a ler o teu texto em anexo que agradeço. Aqui há coisas que me ultrapassam. Creio que me faltam mais leituras acerca do que todavia vou avançar: a questão do movimento. Pois parece-me que de facto o ‘movimento’ é fulcral neste teu texto. Há certamente algumas debilidades na minha exposição e questões. Mas o que me parece é que os cientistas, neste caso mais propriamente os físicos, não empreendem (suficientemente?) a questão do que chamaria aqui, a título experimental, se dizer se pode, movimento do pensamento. Ou antes, pensam – como qualquer humano pensa - mas pensam os movimentos desde as “bolas de bilhar” do Newton até às ‘partículas’ (“forças transmitidas por partículas!”) do Hawking, e atraídos "por algo de inscrito na força do paradigma que institui os físicos enquanto tais..." (§38)? Como exemplos da importância da questão do movimento no teu texto: ‘forças’, ‘movimento inerte’, ‘forças atractivas’, ‘força local’, etc. Mas essa questão que me agrada, 'movimento do pensamento' - apesar de me parecer por si só um pouco vaga - não será mais uma tarefa dos pensadores e dos filósofos que dos cientistas? Daí a pertinência daquela afirmação do Heidegger: “a ciência não pensa”?
2. Só um à parte por piada: há muitos anos causei escândalo (finais de 80) – entre outros - junto a uns colegas na Universidade Católica quando usei a expressão ‘movimento do pensamento’. Porque isto seria uma espécie de figura de retórica que contrariaria os desígnios de inteligibilidade tão procurada por aqueles iniciados em filosofia que nós éramos. E na mesma Faculdade usei um dia a expressão ‘filosofias’. De pronto, um colega corrigiu-me: “não há ‘filosofias’; há ‘filosofia’.”
29/02/2012
F.B. : Que 'a ciência não pensa', explicou ele, com os seus métodos experimentais. Não pode com eles saber o que é o espaço, o tempo, e por aí fora, questões de filosofia. Mas isso não implica que os cientistas não pensem, já que têm que pensar as teorias, como hipóteses primeiro, e pensar também as experiências correspondentes. E ainda, os resultados das experimentações permitem pensar melhor coisas que os filósofos pensavam havia séculos: Newton permitiu a Kant pensar o conhecimento de maneira nova. Quase todo o pensamento moderno releva das grandes transformações operadas pelas ciências. Para mim é claro que há que aliá-las e não opô-las, as ciências e as filosofias. Quanto ao 'movimento do pensamento', é o coração do que chamei 'cena ocidental de inscrição'.

30/02/2012


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Imagem: pintura - obra plástica de Luís de Barreiros Tavares



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