segunda-feira, 17 de setembro de 2012

108. Continuação: biologia e duplo laço - leis inconciliáveis e indissociáveis



F.B. : Disse ontem que explicaria hoje o duplo laço em Biologia animal. Mas demora tempo e eu já expus a coisa no Manifesto, §§ 23-26, 30-31, no meu blogue filosofia.com.Ciências:http://filosofiamaisciencias.blogspot.pt/ . De forma sucinta, a reprodução de cada animal implica que ele se alimente com moléculas de carbono, fósforo, azoto (além de água, oxigénio e hidrogénio), que só se encontram nos outros vivos, quer plantas (que recebem o carbono do CO 2 da atmosfera por fotossíntese) quer nos herbívoros que se alimentam de plantas e são presas ideais para os carnívoros. É esta a lógica da chamada lei da selva, sem a qual nenhum animal sobrevive. Mas o próprio animal pode ser presa de outros, esta lei é inconciliável com ele, que tem que aprender a caçar sem ser caçado, é a sua lei de autoreprodução. Cada animal é, na sua anatomia, o duplo laço destas duas leis inconciliáveis e indissociáveis, a da sua autoreprodução e a geral da selva, da reprodução de todos.

Qual é o interesse deste motivo de duplo laço? Entre outras considerações, ele permite obstar ao determinismo típico das ciências europeias, que o herdaram da filosofia (e da teologia). O duplo laço implica que cada caso de autoreprodução dum animal (e de morte daquele que ele comeu), seja da ordem do acontecimento aleatório e que as regras anatómicas estudadas pela Biologia (ou as da sintaxe estudadas pela linguística) sejam correlativas da cena aleatória: tenho fome, tenho que caçar, encontrar presa e conseguir comê-la depende da cena, pode ou não suceder, como sucede às presas acabarem logo ali.
Foi desta lei da selva incrível que resultou, com um imenso aleatório, a selecção natural.

Ver mensagem 16:http://blogoscomfbeloperguntaserespostas.blogspot.pt/2011/08/normal-0-21-false-false-false-pt-x-none_1865.html


17/09/2012

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Imagem: obra plástica de Luís de Barreiros Tavares - 2012

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