sábado, 15 de setembro de 2012

106. Derridiano



L.T. :
És derridiano?

15/09/2012

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F.B. : Os derridianos ou lá perto que eu conheço, são dois, acham que não. Mas pretendo que o que faço é pertinente com o trabalho do Derrida e até já cheguei a pensar que a fenomenologia reformulada que proponho, a partir dele, do Heidegger, do Prigogine e das ciências, pode ser vista como uma possibilidade de prolongamento da proposta dele da gramatologia como 'ciência da escrita', embora sem dúvida não da maneira como ele a teria pensado (desistiu da ideia).
No fundo, o que me tem interessado é uma reconstrução após a desconstrução, que permita ultrapassar o caos das disciplinas actuais, que é um escândalo em termos de saber e uma desgraça para quem estuda no liceu e se perde em tantas coisas sem nexo umas com as outras. Reconstrução que tenha em conta a desconstrução, é claro. Em todo o caso, o Derrida não sabia suficientemente de ciências (nomeadamente biologia) e não estava virado para aí, como é óbvio; a partir dos anos 80 aliás, as questões de ética e de política ganharam a preponderância no trabalho dele, sem nunca ter havido aliás uma viragem. Por exemplo, o motivo de duplo laço (double bind, que ele foi buscar ao Bateson), no Glas (1974) e no La Carte postale lendo Freud (1980), é um motivo gramatológico mas ele usou-o depois apenas em termos éticos e políticos, enquanto que eu o usei gramatologicamente para as ciências.


15/09/2012

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Imagem: obra plástica de Luís de Barreiros Tavares - 2012

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