L.T. : Enquanto faço um compasso de espera, talvez para uma questão que careça de mais uns dias, e enquanto completo lentamente a leitura da tua comunicação, passo a uma pergunta que pode parecer patética, mas que me suscita interesse.
Por que é que preferes as aspas «'...'» às «"..."» e, mais ainda, às "«...»" que nem sequer usas, pelo menos de há uns bons tempos a esta parte? É que embora uses as segundas, estas, apesar de serem empregues em citações, não me parece terem o exclusivo dessa função. Pois as primeiras, apesar de servirem preferencialmente para sublinhar e destacar um termo, não deixam, ao que creio, de ser colocadas também, ao mesmo tempo e noutras circunstâncias, para citar. Por outro lado, as segundas servem igualmente para uma só palavra (para sublinhar, para relevar de alguma maneira?). "Muitos autores as usam nesses casos, como sabes, e noutros também para citar, sendo uma só palavra: «"..."».
Se não estou a fazer confusão - não fui agora consultar nem verificar -, parece-me que por vezes também empregas as primeiras para mais do que uma palavra, ou até mesmo para uma frase. Sendo que, neste caso, trata-se igualmente de citação. Ou não?
Isto não é bem um quebra-cabeças, como bem gostava o Heidegger, segundo disse numa entrevista. Mas com aquelas aspas e mais aspas até parece.
20/11/2012
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F.B. : Confesso que não faço por ver fazer os outros, tenho um critério simples. "..." indicam citação, como julgo ser a regra, enquanto que '...' implicam que uso a palavra com alguma distância em relação ao seu sentido filosófico corrente, em geral ontoteológico. Como quero ter relação ao discurso estabelecido e para isso tenho que usar as suas palavras, por vezes tenho que marcar essa distância (julgo que o Derrida fazia assim, mas nunca me preocupei em verificar a coisa); mas também as uso para dizer que uso a expressão em sentido um pouco particular, como as 'vírgulas ' adiante. Quanto a «...», corresponde a "..." na tipografia francesa, quando escrevo em francês o Mac põe-nas e não tenho outro remédio. Mas não gosto esteticamente delas, prefiro a elegância das 'vírgulas' portuguesas: ‘...’ e “...”
20/11/2012
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Imagem: obra plástica de Luís de Barreiros Tavares
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