LT : Estou a dar umas espreitadelas no 3º capítulo do Jogo das ciências com Heidegger e Derrida.
Isto dá pano para mangas. Saiu-me isto agora, um bocado "meia-bola e força":
Digamos que o
epistemólogo, enquanto filósofo das ciências, procura pensar e
conhecer os pressupostos filosóficos e/ou metafísicos (foi assim que me
ensinaram nas Universidades, também se encontrando nalguns compêndios; quanto ao metafísico temos de pensar em Kant com a tal
libertação das ciências relativamente à metafísica) que regem as investigações e os modos cognitivos
das ciências. Ao passo que o novo fenomenólogo, na linha da filosofia com
ciências - proposta tua -, dir-se-ia que pensa e tenta conhecer, não o que
propriamente subjaz (os pressupostos que regem) filosoficamente às ciências; outrossim, o
que estrutura, desconstruindo, no tempo, os modos - modus operandi? -
operativos de pensamento no
processo explicativo e cognitivo dos fenómenos científicos. Quer dizer,
aquilo que estrutura esse próprio processo enquanto tal. Daí a
importância que dás ao movimento, não só das físicas - aristotélica e galilaica - e das bilologias,
etc., mas também, filosoficamente, da mesmidade do dizer, ser e pensar remontando a
Parménides e que tanto assinalas (o "dizer-que-pensa-o-ser", conceito teu). Será esse um dos múltiplos sentidos em que o novo
fenomenólogo não só desconstrói, mas reconstrói?
Saiu-me duas
vezes a palavra 'modos'. Neste momento não posso elaborar melhor estas
questões. Tinha programado para esta noite outras leituras e interrompi
porque me ocorreram estes pontos sobre os teus textos. Volto a elas. O
que é que tens a
observar, corrigir e criticar quanto a estas observações escritas agora?
Gostava que me
ajudasses um bocadinho aqui. Há muita asneirada? Precisarei de ler
melhor, certamente.
15/09/2014
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FB : A filosofia das ciências é um capítulo duma filosofia. A filosofia com ciências é uma filosofia, que também tem um capítulo das ciências (o cap. 9, sobre o laboratório).
É uma fenomenologia inspirada em Heidegger e Derrida, um retorno às coisas, como já o houve em Aristóteles (a sua Física, em
relação a Platão) e em certo sentido, em Aquino (a Agostinho) e Kant (a
Descartes). A sua peculiaridade em fenomenologia é ter em conta que o
'sujeito' da filosofia europeia não tem corpo nem sociedade nem língua
nem sexo e procurar estas 'dimensões', como se diz, nas ciências, para
'completar' o ser no mundo heideggeriano, usando o motivo derridiano de duplo laço.
Nem Heidegger nem Derrida são fenomenólogos, mas ambos passaram pela
fenomenologia de Husserl e ficaram com ligação a ela; mais problemática é
a minha relação com este.
17/09/2014
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Imagem: Estudo livre (2002 - óleo sobre tábua - 25x39cm + -) segundo "Nu sentado em divã" (1917 - Modigliani), por Luís de Barreiros Tavares - colecção privada.