L.T. : Gostava de falar um pouco do Nietzsche. Porquê? Porque também escreveste e falaste sobre ele nas tuas aulas (em livros Leituras de Aristóteles e Nietzsche, Gulbenkian, 1994; artigos, etc.). Heidegger, que tanto aprecias, tem longos textos sobre ele.
A propósito, gostava de fazer uma breve referência ao José Pedro Serra e às suas muito interessantes aulas de Cultura Clássica sobre o Nietzsche e A Origem da Tragédia na UCP. O seu entusiasmo, digo bem, era tal, que o timbre da sua voz chegava a ressoar, vibrar levemente nos tampos de madeira das mesas. Sem estridência. As bacantes, Diónisos, Apolo, etc. Eu, pelo menos, dei por isso. Isto foi em finais da década de 80 do século passado.
Por que deixaste o Nietzsche, conforme uma vez me disseste numa conversa em Sintra?
Ver link:
27/07/2013
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F.B. : Gosto do José Pedro Serra, mas não me lembro de o ter ouvido (foi meu aluno) nem lido.
O
problema do Nietzsche é que é difícil de o tratar devido à sua maneira
literária, é preciso lê-lo muito. O Deleuze foi-me precioso, mas já lá
vão 40 anos que o li. Na minha tese, digo algures que ele [Nietzsche] é perigoso e
que estou ali para ser professor. Ou seja, creio que ele arriscou tudo,
completamente, e acabou por a cabeça lhe explodir ou implodir. Li em
tempos um livro sobre o dossier médico dele, não me pareceu que fosse
possível encontrar uma 'doença' diagnosticável e tratável, foi o
pensamento dele, a sua vontade de pujança (M. G. Llansol) que rebentou
com ele: é um assombro, no sentido também que mete medo. Mas tudo o que escreve é fabuloso, só que tem uma
zona 'anti' povo que eu detesto, de quem gosta de escravos.
29/07/2013
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